Além do Curso realizado pelo Projeto Taramandahy – Fase III, estão ocorrendo Sessões de Diagnóstico da Defesa Civil do município

Em junho foi realizado o primeiro curso de capacitação de agentes públicos da defesa civil do município de Maquiné/RS, proposto pelo Projeto Taramandahy – Fase III e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal. Boa parte do território de Maquiné se encontra em áreas susceptíveis a desastres naturais geológicos como deslizamentos de encostas e hidrológicos, como enxurradas, inundações e alagamentos, de evolução súbita ou aguda, devido a sua localização entre a Serra Geral e a Planície Costeira, ao tempo que possui atrativos naturais para o ecoturismo com inúmeros cursos de água. Nesse sentido, é comum ocorrer desastres por causas naturais, com situações de risco de vida.

O curso ocorreu no quiosque da Pousada Recanto do Sossego, de propriedade de D. Elsa e Sr. Artides Bonho. Teve parceria com a Prefeitura Municipal de Maquiné e Conselho Municipal de Defesa Civil, atualmente presidido pela advogada Natavie De Cesaro Kaemmerer, agente voluntária da Defesa Civil no município. A pousada fica entre os caminhos das Cascatas Garapiá e Forqueta, locais de belezas naturais que atraem milhares de visitantes no veraneio e são frequentemente palco de desastres naturais. Participaram moradores e proprietários de pousadas e comércios locais; representantes da prefeitura municipal, entre eles o prefeito, o secretário de planejamento e a turismóloga do município; agentes voluntários de defesa civil, agentes da defesa civil regional e pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A atividade foi conduzida pelo Sr. Cláudio da Silva Rocha, coordenador voluntário da ‘Oficina Regional Permanente de Proteção e Defesa Civil do Vale do Paranhana, Região das Hortênsias e Alto Sinos’. Rocha iniciou o dia simplificando que os moradores locais devem “perceber o risco em face do terreno, clima e localização e ter condições de informar as pessoas de fora e assim, ajudar em caso de dificuldade”.

Em seguida, Rocha destacou a importância do treinamento para que os voluntários estejam preparados nos momentos de adversidades: “A qualidade do nosso trabalho passa por um processo aprendizagem e de repetição”, salienta. Ele também apresentou quatro níveis de resposta necessários diante de uma situação de evento extremo: 1º) a resposta que ‘eu’ dou, minha autoproteção, o que eu faço se estiver no lugar, o que usar, quais locais acessar etc.; 2º) resposta que a comunidade local deve dar para ajudar e para isso devem estar preparados; 3º) resposta do poder público, que deve contar com uma equipe de sobreaviso; o 4º nível de resposta é o resgate especializado: bombeiros, helicópteros, etc. Nesse ponto, ele defendeu a colocação de placas informativas e melhorias nos acessos (pontes, passagens, trilhas etc.).

Ao apresentar um mapa de relevo da região, Rocha chamou a atenção para a necessidade de comunicação com os municípios que influenciam a natureza de Maquiné, àqueles que se encontram mais acima, aonde se localizam muitas nascentes dos rios e arroios que compõem a região: “Tem-se que ter a ‘informação remota’ sobre o que está acontecendo nas regiões acima de nós e que interferem aqui… quando saio pra ir pra cascata devo saber o que a previsão de tempo recomenda. Informações que sinalizem ‘observação’, ‘atenção’, ou ‘alerta’ devem fazer parte da entrada de cada pousada, ou estabelecimento comercial local e deve ainda, envolver a prefeitura, para que atualize as informações sobre previsões meteorológicas”, explica.

O agente de defesa civil regional cel. Ambrósio chamou a atenção para a importância da sinalização de placas, com enumeração das localizações: “E na situação de socorro devemos ter muito cuidado pra não ser a próxima vítima, antes de prestar socorro, pensar na autossegurança”, complementou.

O professor da UFRGS e pesquisador do IPH, Gean Paulo Michel esclareceu rapidamente sobre a relação com as comunidades com o projeto de pesquisa ‘Influência da floresta na dinâmica hidrossedimentológica de bacias montanhosas no sul do Brasil’: “Nós enquanto grupo de pesquisa atuando aqui, temos intenção de instalar monitoramento meteorológico e hidrológico na bacia. Fazer monitoramento da chuva e saber como varia o nível do rio. Poderia entrar em um sistema que funcione em tempo real, a partir de conexão com internet” declara explicando que trabalham em uma perspectiva “bacia-escola”: “… nossos interesses, além de ajudar na gestão de risco de desastre, é fazer pesquisa científica e saber qual o comportamento hidrológico, geológico, geomorfológico, hidrossedimentológico da região. Além disso, trazer informações que possam ser úteis nesse contexto e que gerem educação ambiental e uma redução dos números de desastres. A ideia é fazer monitoramento e deixar em aberto para que todas as pessoas tenham acesso”, destaca.

O Sr. Artides Bonho foi guia da primeira expedição da coordenadoria da Defesa Civil à Cascata da Forqueta. Ele contou que, tendo nascido na localidade, conhece bem os perigos e os desvios utilizados pelos moradores mais antigos: “Acho bom este trabalho de defesa civil… Já passei por situação de emergência e fiquei ilhado até passar. A gente tem o conhecimento de quando vai dar uma tormenta e se programa antes. Pedimos aos hóspedes para avisar aonde vão e eles gostam, pois sabem que precisa ser orientado… Podemos ser um ponto de referência aqui na pousada”, compromete-se.

Jogo de dardos para refletir sobre a importância do treinamento

Segundo Rocha, esse é o momento de “… aprofundar mais o diagnóstico, acessando os materiais da ANAMA (Associação que executa o Projeto Taramandahy); fazer visitas locais; fazer a restauração das rotas de fuga; a recuperação das pinguelas, a colocação de cabos em alguns pontos de passagens; a melhoria dos acessos às principais cascatas do município; um sistema informação ao turista, quanto aos riscos e à sinalização, com identidade visual, além de mais capacitação do pessoal local”, finaliza. Sobre estas demandas, o prefeito João Marcos Bassani se comprometeu primeiramente, com a produção das placas informativas e de sinalização.

Com o objetivo de dar continuidade ao trabalho de capacitação da defesa civil de Maquiné, foi agendada a segunda Sessão de Diagnóstico da Defesa Civil para 27 de julho, no Centro de Referências Ambientais do projeto Taramandahy. A primeira Sessão de Diagnóstico ocorreu em maio deste ano e promoveu o planejamento de ações imediatas para o fortalecimento da Defesa Civil local como, por exemplo, a organização das reuniões do Conselho municipal, estruturação da Coordenadoria municipal de Defesa Civil e capacitação dos agentes. Mais informações sobre como participar das capacitações de defesa civil em Maquiné pelo e-mail taramandahy@gmail.com ou telefone (51) 36281415.