Formação destaca processamento e formas de consumo das frutas, além de Boas Práticas na Fabricação para agroindústrias de pequeno porte
Dia 15 de junho aconteceu o primeiro módulo do curso gratuito ‘Frutas Nativas da Mata Atlântica: processamento e consumo’, inicialmente com apresentação do Projeto Taramandahy – Fase III e do Centro de Referências Ambientais. A atividade contou com 21 participantes entre agricultoras e agricultores, nutricionistas, estudantes, educadoras, técnico, consumidores e consumidoras e empreendedoras. Em relato, a assessora técnica do Projeto, Mariana Ramos, destacou a fruta açaí juçara (Euterpe edulis) com um grande significado para a OSC Anama: “…foi com ela que a gente começou o trabalho com frutas nativas no início dos anos 2000”.
A formação faz parte das ações de educação e sensibilização ambiental, educação alimentar e nutricional orientadas pelo Projeto Taramandahy – Fase III, que é realizado pela Anama e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.
Ramos explicou que o curso tem enfoque em três âmbitos de consumo das frutas nativas: mercado institucional – através da alimentação escolar; consumo familiar, no qual circula uma rede de conhecimentos e no âmbito das feiras: “Hoje reunimos pessoas dos diferentes elos desta cadeia: produtores, comerciantes e consumidores. O curso foi pensado para fortalecer estas relações, por isso, em todos os módulos serão convidados agricultores e consumidores”, exemplifica.
Para a nutricionista do município de Capão da Canoa, Liziane Lima Moreira, a expectativa é inserir as frutas nativas na alimentação escolar. Também idealiza fomentar a produção de mais hortas escolares. São 22 escolas no município, sendo que somente três possuem horta.
Segundo a nutricionista de Maquiné Karine Rabaioli, os alunos do município já consomem a polpa de açaí juçara de diferentes formas, como vitaminas, bolos e sucos: “a vitamina de açaí foi aceita logo de início”, destaca. No entanto, elas têm sido mais consumidas na Educação Infantil do que na Educação de Nível Fundamental. Ela esclarece que a figura da merendeira é que facilita, ou não, a entrada de alimentos não convencionais na alimentação das crianças. Por isso, destaca a importância dessas formações direcionadas principalmente a elas.
A preparação do suco de açaí juçara, engarrafado a quente, pela facilitadora Marta Bergamo, da Coopernativa, deu início às práticas do dia. Em seguida, foram elaborados o xarope de limão e o suco de butiá. Após o almoço, realizado no Canto da Terra Armazém Café, os participantes retornaram à cozinha do CRA para a preparação de vitamina de banana com açaí juçara, seguida da prática de Kombucha, com a facilitação de Vanessa de Oliveira, que produz e comercializa a bebida fermentada no empreendimento Canto da Terra.
Sueli Fernandes de Souza é produtora de polpa de frutas nativas da agroindústria Amadecom, no município de Três Forquilhas. Para ela, ao contrário da Kombucha, os preparados não são novidade, no entanto, considerou muito importante estar participando da formação: “…muita coisa eu já havia aprendido em cursos anteriores, mas estou renovando o conhecimento, pois a gente esquece né?”, reforça.
Entre os participantes, o agricultor catarinense Antônio Augusto Mendes Santos, “um apaixonado por butiá”, como se autodenomina, estava ali, especialmente para observar as receitas desta fruta nativa da América do Sul (Butiá catarinensis): “Eu e minha esposa fazemos qualquer receita que se possa imaginar de butiá”. Santos também estava representado o movimento Slow Food, sendo participante ainda, da Rede Ecovida e da Rota dos Butiazais de Pelotas (Embrapa Clima Temperado – Pelotas/RS).
Enquanto este primeiro módulo do curso esteve focado nas polpas e receitas de bebidas, o segundo, que ocorrerá dia 23 de julho, na Padaria Comunitária de Capão da Canoa, contará com receitas salgadas e doces. O terceiro, a ser realizado em setembro na Amadecom em Três Forquilhas, abordará as Boas Práticas de Fabricação: “será um passo a passo de transformação da fruta em polpa, além de trabalhar algumas ferramentas de controle de qualidade desenvolvidas pelo engenheiro de alimentos Josué Martins, as quais são fáceis de serem aplicadas em agroindústrias de pequeno porte”, informa Ramos. Ao final, ela explicou que os participantes deste primeiro momento terão preferência nas inscrições do próximo, mas que também serão disponibilizadas novas vagas. Aguarde mais informações.