Atividade do Projeto Taramandahy – Fase III buscou qualificar o planejamento das famílias agricultoras atendidas
Segundo site da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), “…os sistemas agroflorestais (SAFs) são consórcios de culturas agrícolas com espécies arbóreas que podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas. A tecnologia ameniza limitações do terreno, minimiza riscos de degradação e otimiza a produtividade a ser obtida. Há diminuição na perda de fertilidade do solo e no ataque de pragas” (www.embrapa.br). Nesse sentido, os SAFs são modelos base para a agricultura ecológica, podendo contribuir diretamente na melhoria e preservação da qualidade da água, principal eixo das ações do Projeto Taramandahy – Fase III, realizado pela ANAMA, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.
Dia 18 de julho, a equipe técnica em Agroecologia do Projeto realizou a oficina temática em agricultura sustentável e adequação ambiental para tratar sobre o tema, reunindo famílias agricultoras que tiveram os SAFs implementados em suas propriedades na etapa anterior, bem como agricultores motivados a realizar esta experiência. A atividade ocorreu no Centro de Referências Ambientais Taramandahy e contou com mediação do biólogo Rodrigo Gastal de Magalhães e do engenheiro agrônomo Gustavo Martins, ambos da equipe do Projeto.
Segundo Gustavo, a proposta da oficina foi resgatar os princípios dos SAFs, nivelar o entendimento, compartilhar o aprendizado e pensar a forma mais coletiva para fazer o planejamento do trabalho futuro: “Estamos em uma situação ambiental em que houve mudanças na agricultura, carecendo de referências de sistema de produção diversificados e adequados à capacidade de uso dos solos da região, sobretudo de áreas declivosas”, explica.
Um dos agricultores, Sidnei Justin, de 26 anos de idade, contou que retornou para sua cidade natal – em Itati (RS) – após um período no qual pode obter sua formação em técnico contábil. Agora trabalha ao lado do pai, Telmo, em um sistema agroflorestal, onde o carro chefe é a produção de bananas. Ele considera os SAFs ideais, já que: “… se consegue tirar o alimento de um sistema praticamente sustentável”.
Em seguida, Rodrigo apresentou os SAFs implantados pelo Projeto e resgatou princípios como diversidade, ciclagem, manejo (podas e roçadas), e de cobertura de solo. Falou sobre como a vegetação da Mata Atlântica ajuda o agricultor a identificar a produção agrícola que melhor se encaixa no ambiente. E descreveu sobre como obter mais eficiência da floresta, utilizando as sucessões vegetais para manejar as áreas: “a agrofloresta aproveita da força da natureza… a gente precisa entender como está funcionando, imitar a natureza e aperfeiçoar o que ela faz em nossos sistemas”, enfatizou.
Gustavo chamou a atenção para a necessidade de conciliar a diversidade dentro do desenho do SAFs, relacionando-a com a dinâmica de trabalho familiar: “o desenho deve estar adequado com o sistema econômico da família… Estamos discutindo sobre um sistema de produção diferente do convencional, sendo que os sistemas agroflorestais podem produzir muito, desde que se faça o manejo adequado, preserve a diversidade nativa e a água e garanta a qualidade do ambiente. É isso que colocamos como horizonte e estamos aqui para contribuir nessa construção”, complementou.
No decorrer da atividade, os agricultores trocaram experiências, expuseram suas pretensões de produção futuras e fizeram o desenho dos seus Sistemas Agroflorestais, contendo o planejamento idealizado. Além de apoio técnico para a implantação das áreas, o Projeto Taramandahy – Fase III disponibilizará mudas de árvores nativas e frutíferas de seu viveiro e dará o aporte financeiro para compra de outras mudas.